A passagem do português Monsenhor de Souza Marinho por Lagarto foi marcada por inumeráveis momentos de fé e de dedicação à obra catequética, ficando responsável pela reforma e ampliação da Igreja Matriz, no ano de 1938. Com a expansão arquitetônica lateral, a Matriz assume até hoje o formato de cruz. Curiosamente, em ambos os lados do prédio, em alto relevo, destaca-se uma Cruz de Malta, fazendo uma menção direta à cultura e à religiosidade portuguesa.
Em 1946, Monsenhor Marinho foi responsável pela realização do I Congresso Eucarístico Interparoquial. Entre as figuras relevantes presentes, merece destaque o bispo Dom José Gomes da Silva, Dom Avelar Brandão Vilela que havia sido nomeado bispo de Petrolina, Monsenhor Carlos Carmelo Costa vigário geral. O evento movimentou a cidade e fazia parte dos planos da Igreja no sentido de mobilizar catequeticamente os fiéis no sentido de arrebanhar-lhes para o seio da Igreja, à época dispersos.
No ano seguinte, Marinho esteve diretamente envolvido na criação do Educandário de Nossa Senhora da Piedade, hoje Colégio Nossa Senhora da Piedade. Em parceria com as Irmãs Franciscanas do Bom Conselho e com o poder público local, realizou no Município uma das ações educacionais mais importantes, atendendo prioritariamente a população carente que não tinha acesso à escola.
Na época em que Marinho foi Pároco da cidade, o mesmo pôde testemunhar um dos mais comoventes episódios da História de Lagarto: a explosão da Leste, hoje Bairro Matinha, onde à época estava sendo construída uma estrada de ferro que fora interrompida após a tragédia e que nunca fora terminada. O evento catastrófico teria ocorrido em plena Sexta-Feira Santa de abril de 1952, por volta de duas horas da tarde, causando rebuliço na população.
Durante sua estada em Lagarto, Marinho voltou a permitir a realização da tradicional Festa de São Benedito nas dependências da Matriz. A proibição foi feita em 1928 pelo Padre Germiniano de Freitas e teria sido baseada em critérios pessoais e preconceituosos.
Foi responsável também pela mudança da sede da Casa Paroquial para o prédio atual (Praça da Piedade), de onde se destacam os belíssimos azulejos portugueses até os dias atuais, em pleno estado de conservação. A antiga casa paroquial está sediada ao lado da Prefeitura Municipal e foi comprada à Igreja pelo Senhor Raimundo Nonato, importante comerciante lagartense de fumo.
Entre as passagens mais curiosas vividas pelo Monsenhor Marinho foi realização do casamento do Sr. Luiz Carvalho e a Sra. Valentina, ambos nonagenários. O primeiro em seu quarto casamento e ela, “moça velha”, com véu e grinalda. A julgar pela cerimônia, com direito a jumento carregando o noivo, não podendo este mais andar, Monsenhor Marinho foi um homem tolerante e piedoso, capaz de se render ao apelos do povo simples da gente do Lagarto.
Em outra ocasião, Marinho teria extinguido um costume antigo, e um tanto quanto macabro, entre as camadas pobres da população lagartense. Nas cerimônias de sepultamento, as pessoas que não possuíam condições de adquirir um esquife, recebiam o chamado caixão de caridade do Poder Público, o qual era devolvido, para novo uso, após o depósito do defunto na cova. Quando tal situação não ocorria dessa forma, usava-se a rede. Marinho alegou duas situações: a higiene e o constrangimento público dos familiares.
Fonte:
* Arquivo da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade de Lagarto.
* FONSECA, Adalberto. História de Lagarto. Governo de Sergipe, 2002.
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