quinta-feira, 4 de junho de 2009

O PODER DE SAIAS EM LAGARTO

A presença da mulher na vida política lagartense nos últimos cinqüenta anos, apesar de alguns lampejos significativos de representação, foi no cômputo geral ainda pífia. O mesmo não se pode dizer quando o assunto é Diretorias e Secretarias, além de sindicatos e outras organizações representativas de classe.
Essa constatação nos leva a crer, sobretudo pelas últimas eleições realizadas em Lagarto, que a mulher está perdendo o espaço e a brecha que lhe fora dada ainda nos anos 1989, por ocasião das eleições das senhoras Lúcia Maria Roriz Teixeira (Professora Pró) e Leopoldina Pereira da Costa para a Câmara de Vereadores de Lagarto.
De lá para cá, mais outras quatro mulheres ocuparam o cargo de Edil: Maria Acácia Carvalho Ribeiro, Maria Vanda Monteiro, Maria Else de Oliveira Costa e Josefa Marlene. E a nível estadual, na condição de Deputadas Estaduais: Luiza Ribeiro e Goretti Reis.
Fora isto, a mulher em Lagarto ficou relegada a ocupar, com desenvoltura, é claro, algumas secretarias municipais estratégicas como as de Saúde, Educação e Ação Social. É fato que quando se trata de Executivo, nem de longe elas passam perto, pois as últimas candidatas não lograram êxito nem na condição de vices, o que não pode ser dito de outros municípios de Sergipe, onde elas são até Prefeitas.
Tais dados me despertaram a intenção de elaborar um estudo acadêmico, pela UFS, em torno dessa questão para saber exatamente o que ocorre em Lagarto quando o assunto é mulher na política. Duas hipóteses se erguem com muita força: 1) a predominância eminentemente masculina, que mina as possibilidades de sua ascensão (e quando isto ocorre, com sucesso, dá-se sob as hostis dos que ostentam a virilidade do sexo masculino; 2) e o próprio eleitorado feminino, não afeito a idéia de ser representada pela de mesmo sexo, ou, na pior das constatações, ainda o fato de seguirem o bastão patriarcal da casa, sem ter autonomia para votar e decidir.
Afora isso, as últimas eleições municipais em Lagarto revelaram um decréscimo considerável nesse aspecto, pois as mesmas sequer conseguiram eleger uma representante para esse pleito e gestão. E sua representante, que pleiteava ao Executivo, nem mil votos conseguiu fechar.
O quadro não é animador nem mesmo na Assembléia Legislativa. Tanto Luíza Ribeiro como a atual, Goretti Reis, embora tivessem feito história em seus pioneirismos e pondo saias na velha disputa Saramandaia x Bole-Bole, só ocuparam tais cargos em função de vacâncias e não, necessariamente pelo voto popular. E olhe que nesse caso, pairaram sobre as duas fortes figuras masculinas, de reconhecida liderança política em Lagarto: Rosendo Ribeiro e Artur Reis.
Uma coisa é fato, prezados leitores do “Gazeta dos Municípios”: em terra de homens, de cócoras com eles. E olhe que essa afirmação está longe de ser machista, pois os fatos falam por si só e me advogam.

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