segunda-feira, 1 de março de 2010

CULTURA AOS TRANCOS E BARRANCOS (PARTE I)

Claudefranklin Monteiro Santos, Folha de Lagarto de 06 de fevereiro de 1997. pg. 02, na coluna História e Estórias de Lagarto
Tivemos em mãos por esses dias, um valiosíssimo documento de nossa história em migalhas, repleto de estórias, muitas estórias. Trata-se do livro de atas da ASCLA – Associação Cultural de Lagarto. Através dele, podemos fazer um levantamento histórico minucioso dessa entidade tão importante para o desenvolvimento cultural de Lagarto, e que hoje RENASCE sob a presidência do poeta Assuero Cardoso Barbosa, coordenado por uma parcela de jovens intelectuais de nossa cidade.
Por se uma história um tanto longa, mesclada e pincelada de dados curiosos e relevantes, a contaremos em duas matérias, dividindo-a em dois momentos: o que vai de sua fundação, em 1970; e o que retoma em 1988 aos dias atuais.
É uma história interessante, pois responde algumas das indagações feitas no artigo “Refletindo Cultura” de 21 de novembro de 1996, e dá uma idéia do quanto já fomos mais “cultos”.
A história da ASCLA tem seu início em 31 de janeiro de 1970 quando, sob a orientação do carismático Pe. Danilo Gazeto (“O Padre Garotão”) e direção do Sr. Jaime Noberto da Silva, jovens intelectuais, muitos deles acadêmicos, reúnem-se no GENNSP, para juntos fundarem uma entidade cultural, com fins a melhorar o marasmo da cidade, tipicamente coronelista e apolítica. O convite para a reunião prescrevia o seguinte: “Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá um canalha a menos”. E assim, repletos do civismo próprio daqueles tempos de ditadura militar, escolheu-se, por unanimidade, o nome da então criada Associação Cultural de Lagarto (ACL).
Aqui, já alguns dados curiosos podem ser alentados: na época, era Prefeito de Lagarto, o popular Dionísio de Araújo Machado, um dos precursores da política Saramandaia x Bole-Bole; o Grupo Sílvio Romero já era cobiçado para a sede da associação; o jurista Paulo Andrade Prata, foi um dos idealizadores da entidade.
A diretoria provisória foi assim constituída: Presidente – Jaime Noberto da Silva; Vice-Presidente – Ivan Batista de Santana; 1º Secretário – Paulo Andrade Prata; 2º Secretário – Maria Helena Alves; 1º Tesoureiro – José Fonseca Reis; 2º Tesoureiro – Paulo Nogueira Fontes; Relações Públicas – Raimundo Alves Santos e Supervisor – Pe. Danilo.
A fundação, de fato e oficialmente estabelecida, deu-se no dia 21 de fevereiro de 1970. Com sede provisória no Grupo Sílvio Romero, a nova associação de Lagarto tinha a finalidade de “promover os jovens no campo moral, intelectual, social e esportivo, além de religioso”. A diretoria oficial, a primeira, ficou assim: Presidência – Ivan Batista de Santana; Vice-Presidente – Gilson Batista de Menezes; 1º Secretário – Maria Helena Alves; 2º Secretário – José Macário; 1º Tesoureiro – José Fonseca Reis; 2º Tesoureiro – Jaime Noberto da Silva.
Daí em diante, começam as primeiras realizações da ASCLA, que ficaram marcadas na pobre história cultural de Lagarto.
Um dos primeiros grandes eventos dessa associação, foi a comemoração dos 90 anos da Emancipação Política de Lagarto, em 21 de abril de 1970. Na oportunidade, organizou-se uma exposição de objetos e fotos de Lagarto antigo e da época, com a participação, por escrito, de 907 pessoas. Destaque para a exposição dos primeiros castiçais encontrados na igreja do Sto. Antônio, datados do século XVII. Local do evento: Praça Filomeno Hora, nº 71.
No dia 21 de abril de 1972, a ASCLA comemorou, com muita pompa, o Sesquicentenário da Independência do Brasil. Houve na ocasião, uma programação toda especial: alvorada festiva às cinco horas; solenidade no Estádio Paulo Barreto de Menezes, com missa celebrada pelo, em ascensão, Pe. Mário Rino Sivieri; Torneio esportivo (Taça Liberdade); além de outras cerimônias como a “Saudação ao Mestre”, homenagem prestada a Sílvio Romero, que teve como orador o atual Secretário da Educação do Estado, o lagartense Luiz Antônio Barreto.
Em 1973, juntamente com o prefeito José Ribeiro de Souza, no dia 26 de janeiro a ASCLA promoveu as festividades relativa ao Centenário de Laudelino Freire. Na oportunidade foi inaugurado o prédio da atual Câmara Municipal, que leva o nome do homenageado. Aqui, destaque para a palestra feita pelo escritor lagartense Abelardo Romero Dantas, feita no Colégio Laudelino Freire.
A ASCLA, por essa série de eventos, já contava com a simpatia das autoridades da época e com o respeito da população lagartense, tanto que em 1977, recebera das mãos do Prefeito José Vieira Filho, sua sede própria, localizada nas proximidades da Pça. da Piedade – nada mais que no centro da cidade.
Aliás, essa questão de sede sempre foi uma problemática para a entidade, além das muitas desistências de seus membros. Não sabemos ao certo o porquê dessa última ocorrência, mas o que se deixa perceber nas entrelinhas do livro de atas são as “mesquinharias” que existiam dentro da associação, como também “ciumeiras” próprias de áreas que exercem poder e influência: questões pessoais vão além dos ideais abraçados e jurados.
Assim, 1977, sob a presidência do Sr. Lourival Santos (artista plástico lagartense), dá-se o quase inevitável: a primeira desativação da ASCLA, que só retomaria seus trabalhos em 1988.

Um comentário:

Unknown disse...

Bom Dia, Meu nome é Carlos Mourão, sou historiador e moro na cidade de
Sete Lagoas/MG

Estou entrando em contato com vocês pois sou colecionador e possuo documentos históricos e um deles seria muito interessante a vocês ou a algum colecionador da cidade de Lagarto/SE o qual
vocês pudessem me indicar.

Tenho um ofício assinado pelo 6º Presidente do Brasil Afonso pena que escreve sobre a liberação de 10 escravos aí em Lagarto do ano de 1883, Além de estar em perfeito estado de conservação é autêntico e vendo por um preço muito bom e em uma moldura ficaria lindo.

se alguém se interessar estarei aguardando contato.

cerebrovirtual@gmail.com


Desde já agradeço