segunda-feira, 1 de março de 2010

CULTURA AOS TRANCOS E BARRANCOS (PARTE II)

Claudefranklin Monteiro Santos, Folha de Lagarto de 15 de fevereiro de 1997. pg. 06, na coluna História e Estórias de Lagarto

Dando continuidade ao histórico da ASCLA – Associação Cultural de Lagarto – entramos n a fase mais inconstante da mesma. Um período promissor, mas muito turbulento, sem idealismo e muito pouca abnegação.
Como vimos, a primeira desativação da entidade se deu no dia 18 de janeiro de 1977, quando os membros se reuniram em sua última sessão. Em 1988, portanto, após dez anos de anonimato, no dia 06 de março, na antiga sede do GRUJAC (Grupo de Jovens Amigos em Cristo), à rua Laudelino Freire, jovens idealistas como o radialista Anderson Christian de Souza Prata decidem reativar a ASCLA.
Em sua segunda fase, a ASCLA promoveu eventos importantes, ligados à história e a cultura lagartense. Entre esses eventos, o mais importante e que teve um alcance maior, foi o Salão de Fotografias “Lagarto Antigo”, realizado a partir do dia 15 de abril no Prédio da Câmara Municipal, cedida pelo então prefeito da época o Sr. Artur de Oliveira Reis. Compareceram ao evento aproximadamente mil pessoas.
Era uma época conturbada aquela, com novidades mil, que levaram os jovens a se desligarem da cultura para resolver problemas particulares – a velha desculpa para pôr o corpo de fora. Assim, aos 25 de abril do mesmo ano, com o afastamento do presidente, desativa-se a associação em sua segunda vez.
Parecia que nossa cultura decretaria “falência” definitivamente, até que em 29 de maio de 1990, início de uma nova década, na casa do jovem Jason Alves de Oliveira, avenida Rotary 40, dá-se uma nova tentativa de rever a ASCLA, mas a reunião não passou disso, frustrando as esperanças dos amantes da cultura lagartense.
A cultura em Lagarto há muito não vem sendo levada a sério, e parou justamente quando ela tinha alcançado seu ápice. Por isso, nesses tempos ainda tínhamos com o que nos orgulhar. Homens como Pe. Danilo, Paulo Prata, Paulo Nogueira Fontes, Joaquim Prata, Divaldo Santos Andrade, José Aloísio Souza Vieira, Manuel Carvalho Libório, Lourival Santos, Abelardo Romero e Luiz Antônio Barreto, são alguns exemplos do quanto éramos ativos culturalmente, e levam o nome de Lagarto em tudo que fizeram e fazem. Todos eles foram crias da ASCLA.
Hoje somos um povo sem amor pela cultura. Nossas preocupações vão além da mesma. Nos prendemos e valorizamos mais as coisas fúteis. Mal temos Secretaria de Cultura que se preze e que tenha nomes que honrem a história de Lagarto, que reanime e dê forças através, justamente, de eventos que venham a despertar a potencialidade desse nosso povo deixado demente e carente. Se as atividades culturais fossem uma constante em nossa cidade o número de desocupados e marginais cairia, pois eles teriam com quê se prenderem e se valorizarem. É assim nas principais capitais e cidade do Brasil, onde se desenvolve um trabalho sério de aculturamento, integrando o jovem à comunidade e despertando nele os seus dons.
E foi pensando nisso que no dia 29 de agosto de 1996, pela terceira vez (um é pouco, dois é bom, três nunca é demais), sob o incentivo do poeta Assuero Cardoso Barbosa, jovens se reúnem na Biblioteca Pública desse município, para reativarem a ASCLA. Estavam presentes àquela sessão de número 47, além desse humilde professor que vos escreve, os senhores: Francisco Monteiro (professor), Leustênisson (artista plástico), Sidney Seixas (estudante/Presidente do Grêmio da UNED), Alvino Argolo (professor) e o próprio Assuero, o qual ministrou a reunião. A meta era o renascimento da ASCLA, e deveria se dá com mais ânimo e idealismo que as outras vezes.
O grande desafio dessa nova fase da ASCLA, além de tornar a entidade respeitável, é a realização do II FLAMP (Festival Lagartense de Música Popular) com data marcada para 22 de março de 1997, com local a ser definido pelo prefeito Jerônimo Reis que já deu seu aval para a entidade, inclusive prometendo a sede para a mesma.
A diretoria da ASCLA hoje, está assim distribuída: Presidente – Assuero Cardoso Barbosa; Vice-Presidente – Leustênisson; 1º Secretário – Claudefranklin; 2º Secretário – José Antônio de Santana; 1º Tesoureiro – Antônio Nilo de Vasconcelos; 2º Tesoureiro – Fábio Ribeiro dos Santos; Relações Públicas e Comunicação – Anderson Ribeiro dos Santos e Karine Carvalho Silva; Esporte – Édson Dória Júnior e Prof. Valmar; além de outros colaboradores.
Enfatizando o valor do evento que a nova fase da ASCLA pretende realizar, é bom que se frise que o I FLAMP, realizado pela mesma entidade em 1971, fez despontar a Banda Cataluzes e boa parte dos membros do Saco de Estopa, como o vocalista Floriano.
Espera-se muito da ASCLA para esse ano, ainda mais depois do sucesso que foi o II Concurso de Poesia Falada da Região Centro-Sul, realizado no dia 20 de novembro de 1996, no Polivalente, e que teve o apoio cultural da associação.
Que o idealismo, sempre presente na ASCLA, possa animar os novos membros e que Lagarto possa voltar a crescer (parafraseando o slogan do novo prefeito) em termos culturais, recolocando-a no posto em que sempre esteve, ao lado de Laranjeiras e São Cristóvão, como uma das cidades que mais produz culturalmente, despertando novos Sílvio Romero, Laudelino Freire, Ranulfo Prata, além de outros valores populares e artísticos, para que, enfim, possamos escrever novas linhas, e belas, da história cultural lagartense, não mais aos trancos e barrancos, e sim aos aplausos e sucessos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Bom dia,meu nome é Anselma e sou professora da rede particular de ensino,gostaria de deixar aqui minhas congratulações ao excelente conteúdo e abordagem sócio-histórico do nosso município apresentados nesse blog,não o conhecia,mas em pesquisa,o encontrei e fiquei muito satisfeita com a qualidade das informações!parabéns a você, Claudefranklin,pelo seu árduo e significativo trabalho pelo resgate e perpetuação de nossa letárgica cultura.

Grande abraço