Se esta matéria pudesse ser definida numa música, convidaria Caetano Veloso para dividir sua autoria comigo. O ano de 1970 foi um marco para Lagarto, especialmente o dia 31 de janeiro, quando 12 jovens lagartenses reuniram-se para fundar um grupo que discutisse, pensasse e executasse ações que talvez não mudassem o mundo, mas que certamente evitaria a existência de mais um canalha nele. Este era o espírito daquela geração, prefigurada em seu convite bem apropriado para o contexto: de ausência de liberdade.
A história da ASCLA (Associação Cultural de Lagarto), fundada oficialmente em 21 de fevereiro de 1970, pode não ser uma das mais belas da tricentenária vila de Nossa Senhora da Piedade, a julgar outros momentos que a antecederam. Berço de tantas efemeridades intelectuais, as quais todos sabem julgar e valorizar, Lagarto nunca foi o limbo da cultura, nem o supra-sumo de sua formação.
Talvez os canalhas aos quais aquela geração se referia, como se refere uma outra música, do Cazuza, pudessem fazer valer o esforço de 40 anos, picotados por altos e baixos, trancos e barrancos. Mas não imagino diferente, porque a cultura não é e nunca foi prioridade. Mas aquela geração deixou marcas e fez escola. Outros jovens, em momentos diferentes também se reuniram para tentar fazer alguma coisa por nossa história e por nossa cultura, para tentar despertar algo no lagartense que lhe identificasse enquanto povo.
À frente da implantação daquele sonho de mudança, Pe. Danilo Gazetto (que teria vindo da Itália em companhia de Padre Mário, hoje Bispo de Propriá) liderou jovens intelectuais e amantes da cultura lagartense, a saber: Jaime Noberto da Silva, Ivan Batista de Santana, Paulo Andrade Prata, Maria Helena Alves, José Fonseca Reis, Paulo Nogueira Fontes, Raimundo Alves Santos, Gilson Batista de Menezes, Joaquim Prata Souza entre outros. Um sonho interrompido ou pelo menos suspenso por quatro vezes (1977, 1988, 1990 e 1996).
A primeira fase (1970-77) da ASCLA poderia ser definida como a de vislumbre. Mas também de afirmação, daquelas quando se deixa recado, embora se parta sem deixar aviso. Realizações de peso definiram o norte da cultura em Lagarto, mas não foram páreas para a indiferença, o desânimo, as intrigas e o ciúme (a erva daninha da associação). A parceria com o poder público pode até ter dado frutos, mas não prosperou: porque cultura é favor, não é o fim último.
Do primeiro interregno (1977-1988), não existe nada registrado. Pelo menos em ATA. Mas o pesquisador Floriano Fonseca, com sua memória prodigiosa, nos ajudou a rememorar esse momento. Segundo o mesmo, “(...) entre os anos de 1978/79 as reuniões aconteciam na residência do jornalista Enoque Araujo, na Av. Zacarias Junior. Lembro bem das presenças de Aderaldo Prata, Maria Araujo, Souza irmão de Enoque, João Brasileiro, Edilelson de Zé da Manteiga, Paulo Correa, Alex Dias, Floriano Fonseca, Noeme Dias, entre tantos outros”.
Nesse período, marcado pela resistência estudantil ao regime militar, realizou-se uma das mais importantes iniciativas da ASCLA: o I FLAMP (Festival Lagartense de Música Popular) em 1981. A idéia teria sido do atual Diretor de Cultura do Município: Enoque Araújo. Ocorreu no antigo Cine Glória (atual Bradesco) sob a presidência de Valdier Oliveira Cezar. Foram selecionadas 24 músicas, sendo apresentadas 12 no sábado dia 21/02/1981 e 12 no dia seguinte. Após as apresentações foram escolhidas as vencedoras: 1º Bradando (Enoque Araujo e Antonio Rocha), 2º Rios de Verão (Severino melo e João Rocha), 3º Ilhas Olhos (Grupo Cataluzes) e 4º Buleia de Caminhão (Grupo Saco de Estopa). Melhor intérprete Samuel (Bradando), jure popular, Bradando. Augusto Prata registrou o festival fotografando, mas as imagens se perderam, afirma Floriano. “A banda de base do festival era os CONFIANTES que contava com Carlinhos Menezes nos teclados, Valter Nogueira nos vocais, Almir no contra-baixo. Além do Cataluzes outros artistas de Aracaju se apresentaram a exemplo de Irineu Fontes e do Grupo Repente”.
A história da ASCLA (Associação Cultural de Lagarto), fundada oficialmente em 21 de fevereiro de 1970, pode não ser uma das mais belas da tricentenária vila de Nossa Senhora da Piedade, a julgar outros momentos que a antecederam. Berço de tantas efemeridades intelectuais, as quais todos sabem julgar e valorizar, Lagarto nunca foi o limbo da cultura, nem o supra-sumo de sua formação.
Talvez os canalhas aos quais aquela geração se referia, como se refere uma outra música, do Cazuza, pudessem fazer valer o esforço de 40 anos, picotados por altos e baixos, trancos e barrancos. Mas não imagino diferente, porque a cultura não é e nunca foi prioridade. Mas aquela geração deixou marcas e fez escola. Outros jovens, em momentos diferentes também se reuniram para tentar fazer alguma coisa por nossa história e por nossa cultura, para tentar despertar algo no lagartense que lhe identificasse enquanto povo.
À frente da implantação daquele sonho de mudança, Pe. Danilo Gazetto (que teria vindo da Itália em companhia de Padre Mário, hoje Bispo de Propriá) liderou jovens intelectuais e amantes da cultura lagartense, a saber: Jaime Noberto da Silva, Ivan Batista de Santana, Paulo Andrade Prata, Maria Helena Alves, José Fonseca Reis, Paulo Nogueira Fontes, Raimundo Alves Santos, Gilson Batista de Menezes, Joaquim Prata Souza entre outros. Um sonho interrompido ou pelo menos suspenso por quatro vezes (1977, 1988, 1990 e 1996).
A primeira fase (1970-77) da ASCLA poderia ser definida como a de vislumbre. Mas também de afirmação, daquelas quando se deixa recado, embora se parta sem deixar aviso. Realizações de peso definiram o norte da cultura em Lagarto, mas não foram páreas para a indiferença, o desânimo, as intrigas e o ciúme (a erva daninha da associação). A parceria com o poder público pode até ter dado frutos, mas não prosperou: porque cultura é favor, não é o fim último.
Do primeiro interregno (1977-1988), não existe nada registrado. Pelo menos em ATA. Mas o pesquisador Floriano Fonseca, com sua memória prodigiosa, nos ajudou a rememorar esse momento. Segundo o mesmo, “(...) entre os anos de 1978/79 as reuniões aconteciam na residência do jornalista Enoque Araujo, na Av. Zacarias Junior. Lembro bem das presenças de Aderaldo Prata, Maria Araujo, Souza irmão de Enoque, João Brasileiro, Edilelson de Zé da Manteiga, Paulo Correa, Alex Dias, Floriano Fonseca, Noeme Dias, entre tantos outros”.
Nesse período, marcado pela resistência estudantil ao regime militar, realizou-se uma das mais importantes iniciativas da ASCLA: o I FLAMP (Festival Lagartense de Música Popular) em 1981. A idéia teria sido do atual Diretor de Cultura do Município: Enoque Araújo. Ocorreu no antigo Cine Glória (atual Bradesco) sob a presidência de Valdier Oliveira Cezar. Foram selecionadas 24 músicas, sendo apresentadas 12 no sábado dia 21/02/1981 e 12 no dia seguinte. Após as apresentações foram escolhidas as vencedoras: 1º Bradando (Enoque Araujo e Antonio Rocha), 2º Rios de Verão (Severino melo e João Rocha), 3º Ilhas Olhos (Grupo Cataluzes) e 4º Buleia de Caminhão (Grupo Saco de Estopa). Melhor intérprete Samuel (Bradando), jure popular, Bradando. Augusto Prata registrou o festival fotografando, mas as imagens se perderam, afirma Floriano. “A banda de base do festival era os CONFIANTES que contava com Carlinhos Menezes nos teclados, Valter Nogueira nos vocais, Almir no contra-baixo. Além do Cataluzes outros artistas de Aracaju se apresentaram a exemplo de Irineu Fontes e do Grupo Repente”.
Fonte: Claudefranklin Monteiro - Revista Perfil (Jan/Fev/Mar - 2010)
Foto: Floriano Fonseca (I FLAMP - 1981)
Um comentário:
Que saudade amigo , eu tambem fiz parte foi integrante da Banda Saco de estopa.
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