sexta-feira, 20 de maio de 2011

GRUPO PARAFUSOS DE LAGARTO - VENHA VER O BONITO

Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos*
(GPCIR-DHI-UFS)



“Quem quiser ver o bonito, saia fora e venha ver, venha ver o parafuso a torcer e a distorcer”. Durantes anos, homens travestidos de anáguas, cara pintada de branco, com chapéu e fita vermelha saem às ruas de Lagarto e do Brasil girando e cantando ao som de um trio pé de serra. Trata-se da mais original e tradicional manifestação cultural do povo lagartense.

O Grupo Parafusos, assim denominado pelo historiador Adalberto Fonseca, embora suas origens remontem ao século XIX (atribuída, com certa dubiedade, ao Padre Saraiva Salomão, sobretudo em que pese este ainda ter alcançado a assinatura da Lei Áurea), se firmou enquanto manifestação popular a partir dos anos 1980, quando é convidado a participar do Festival de Folclore de Olímpia.

Tornando-se uma atração a parte daquele importante festival da cultura brasileira, que ocorre até hoje em São Paulo, o Grupo Parafusos alcançou uma expressão nunca antes vista, com destaque tanto a nível regional como nacional.

Não há quem não se contagie com as peripécias acrobáticas de seus brincantes, exclusivamente homens. Talvez porque no início eram homens negros e escravos que roubavam às vestes das sinhazinhas, quando estas quaravam à luz da lua cheia, para disfarçados fantasmagoricamente fugirem dos capitães do mato.

A continuidade dessa tradição genuinamente lagartense (e olhe que não faltam esforços para desconsiderar isso) se deve em grande medida a três personagens, em três diferentes épocas: Adalberto Fonseca (anos 80), Seu Gerson (anos 90) e Dona Ione (na atualidade).

Seu Adalberto nos deixou no inicio deste século. Sua imagem, durante anos esteve intimamente associada ao grupo. Seu Gerson (de saudosa memória), um dos jovens que participavam do grupo nos anos 70 e 80, tornou-se uma referência inconteste. Não deixou a tradição acabar e assumiu com galhardia seu posto de líder até seu falecimento. Fundou a Associação dos Grupos Folclórico de Lagarto (ASFLAG) e chegou a tirar do próprio bolso para manter não só os Parafusos como outros grupos da cidade. Foi reconhecido, inclusive nacionalmente, como cidadão de Olimpia-SP, além de uma série de prêmios. Dona Ione hoje assume o bastão e vem se dedicando com afinco à continuidade não só dos grupos bem como da associação.

Porém, não poderia deixar de encerrar essa crônica sem antes lembrar Carlinhos da Prefeitura Municipal de Lagarto. Um dos mais animados brincantes de Parafusos que já presenciei nas inúmeras apresentações do grupo em Lagarto. Sempre sorridente e prestativo, Carlinhos representa a essência dos homens lagartenses de anáguas: bonito.

* SANTOS, Claudefranklin Monteiro . Grupo de Parafusos de Lagarto - Venha ver o Bonito. Revista Perfil, Aracaju-Se, p. 64 - 65, 30 dez. 2010.

8 comentários:

pdantasromero.blogspot.com disse...

Oi amigo, cresci ouvindo essa música. Para mim é uma verdadeira canção de ninar. Adorei ler a matéria. Parabéns.

ABELARDO DANTAS ROMERO disse...

REALMENTE ESTE GRUPO MERECE TODO O APLAUSO DA COMUNIDADE LAGARTENSE, ISTO SIM DIGNIFICA A CULTURA DE LAGARTO, TERRA DE GRANDES HOMENS.

sineide costa disse...

Gostei de conhecer um pouco da história de Lagarto.

sineide costa disse...

GOSTEI DE CONHECER UM POUCO DA HISTÓRIA DE LAGARTO.

ENGENHEIROS NO ALÉM disse...

Ola professor!!! Obrigado pela enorme contribuição que nos da apresentando um pouco de lagarto que é tambem Sergipe.

Paula Araujo disse...

Parabéns,professor!Esta crônica é riquíssima em infromações sobre esta cidade maravilhosa que é Lagarto,inclusive é uma forma de disseminar a história dela para os que vão prestar o concurso municipal.

Anônimo disse...

Parabéns pela crônica ressaltando o valor histórico do nosso folclore lagartense.Cresci escutando a minha mãe realizando diversos ensaios com o grupo.
"A continuidade dessa tradição genuinamente lagartense (e olhe que não faltam esforços para desconsiderar isso) se deve em grande medida a três personagens, em três diferentes épocas: Adalberto Fonseca (anos 80), Seu Gerson (anos 90) e Dona Ione (na atualidade)".
Tenho que discordar desse pequeno parágrafo citado em sua crônica.Pois deixou de citar mais uma pessoa que trabalhou muitos anos com esse grupo, Professora Maria Soledade(In Memoriam), antes mesmo de Gerson. A mesma chegou a fazer várias viagens, levando-os a Olímpia (SP)para algumas apresentações.
Tenho em mãos revistas que citam o nome da professora sendo elogiada pelo trabalho realizado.
O brigada pela atenção!!!
Suely C. R. Amorim

Luiz J. disse...

A título de exclusivamente colabborar, o saudoso Gerson chefiou o grupo nos festivais de Olímpia pelo menos até 2004 e, já enfermo, esteve presente também em 2005.