quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - HISTÓRIA, POLÍTICA E CARIDADE


Durante anos, a prática da caridade e do assistencialismo de saúde estiveram intrisicamente ligados ao mandonismo político da História Administrativa de Lagarto. Idealizado por Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro, o Hospital Nossa Senhora da Conceição tem prestado um valioso serviço de saúde pública nos últimos cem anos, sob as hostis dos mais importantes e polêmicos momentos e pessoas da cruenta vida politica lagartense.
Três fases significativas marcam a trajetória do Hospital Nossa Senhora da Conceição, representadas numa tríade da política lagartense: Monsenhor Daltro, Dionísio de Araújo Machado e Artur de Oliveira Reis. Em cada momento e em cada líder, traços vivos das ações políticas e testemunhos incontestáveis de seu tempo.
Durante anos, até a fundação do Hospital (08 de dezembro de 1902), o tratamento dado ao doentes era consideravelmente rudimentar e rústico. Praticado num ambiente famíliar e caseiro, as moléstias e doenças de um modo geral eram tradadas com beberagens e rezas, sem nenhum princípio científico-medicinal.
Considerando o clima de reforma urbana e sanitária que fora uma tônica dos primeiros governos civis da recém implantada República Brasileira, Daltro encampa uma iniciativa para a construção de uma casa de saúde pública, inicialmente localizada na Praça que hoje leva seu nome. A inauguração foi marcada por um fatídico episódio de ordem política e criminal. Enquanto se faziam os preparativos do evento, dois assassinatos foram cometidos em função das brigas entre Cabaús e Pebas: Dr. Filomeno Hora e seu algoz Furriel Adolpho Monteiro.
Por décadas, o Hospital funcionou em condições precárias até os anos 1957, quando o Sr. Dionísio de Araújo Machado toma as rédias da instituição dando-lhe um tom modernizante, inclusive com prédio novo, localizado ao lado do Cemitério Sr. do Bomfim. Conta-se que o fator motivador para a construção do novo prédio teria partido de uma espécie de medição de forças e demarcação de território político, quando seu antecessor, o Sr. Alfredo Batista Prata (1951-55) fundara a Maternidade Monsenhor Daltro.
A modernização do Hospital não significou o abandono do antigo prédio, que continuou a servir a população como casa de recuperação ou lazareto, até ser demolido pelo Sr. Artur de Oliveira Reis, que assume o comando da instituição entre o final dos anos 70 e início dos anos 80. Até a presente data, a Associação de Caridade Nossa Senhora da Conceição tem a mão condutora do velho homem do gavião. Em 1982 passou por uma reforma significativa e nos anos seguintes passou a contar necessariamente com donativos e subsídios. Os Reis, como ficaram denominados o trio político Artur, Jerônimo e agora o jovem Sérgio (pai, filho e neto), sem falar nos irmãos Fernando e Gorette, imprimiram uma marca modernizadora, mas vivenciaram altos e baixos, frente às intempéries e às mudanças de posturas nas políticas de saúde pública do Brasil e de Sergipe.
Combalida, a única instituição de saúde pública de Lagarto, hoje sofre com o aumento exagerado da demanda, com as constantes inconstantes político-partidárias, com o arrocho do financiamento do poder público, onerando a sua manuntenção e prejudicando a população que poderia ser melhor assistida se novas institituições do mesmo porte fossem construídas, superando o velho ranço admnistrativo que caracterizou sua centenária história.
Mesmo diante de tantos problemas, no ano de seu cinquentenário (sede atual), o Hospital Nossa Senhora da Conceição vem conseguindo, a custa de muito sacríficio, oferecer uma assistência condigna à gente do Lagarto. Em que pese a sua nova postura admnistrativa, implementada pelo jovem Adriano, a instituição se abre para a otimização das eficiências, para a responsabilidade social e para o voluntarismo, ingredientes de uma receita que pode ser a de um sucesso vindouro, resgardadas todas as mazelas da política local.

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