sábado, 22 de março de 2008

ACENDAM AS LUZES, O CINEMA SUMIU!


Há coisas em Lagarto que o tempo não consegue apagar. Ainda que a modernidade insista em seguir sua saga de extermínio a tudo que nos diz respeito, a memória segue lembrando que no imaginário popular de sua gente, existe espaço para as lembranças do inesquecível escurinho do cinema: magia carente de atenção e revigoramento.
A História do Cinema em Lagarto ainda precisa de uma pesquisa mais exaustiva, mas uma coisa é certa: entre os anos 60 e 80 do século passado foi um dos entretenimentos mais representativos da vida social do município. O Cine Pérola e o Cine Teatro-Glória já foram testemunhas de momentos significativos da cultura lagartense.
Localizado nas proximidades da Praça Nossa Senhora da Piedade, o Cine Pérola estava sempre lotado. Marcado pelo requinte e pelo aspecto exótico (com figuras que lembravam o Egito Antigo). A curiosidade da "telona" atraía um público diversificado, com forte presença de crianças e mulheres, estas últimas a exibirem o último penteado da época. Sim, pois Lagarto sempre fora adepto ao jeito "pavão" de viver. Aliás, não foi diferente na cidade: o cinema ditou modas, gostos, costumes e preferências. O jeito vila de ser da gente do Lagarto foi logo se acostumando às novidades holliwoodianas. A geração que hoje tem entre 40 e 50 anos é, em sua grande maioria, adepta do hábito de fumar: influência decisiva dos enlatados americanos de então. Fumar era chique.
Com o fechamento do Cine Pérola, o saudoso Sr. Édson Dória (ex-desportista) assume a responsabilidade de entreter a gente de Lagarto com o Cine-Teatro Glória. O Edinho do Cinema, como ficou conhecido pela alcunha, inovou e incrementou o negócio, com apresentações de artistas nacionais, como Os Trapalhões e Daniel Azulai, e espetáculos de danças e de curiosidades circenses. Conheceu o auge nos anos 80 e não resistiu à chegada do vídeo-cassete. O prédio já teve duas sedes: uma no atual local onde funciona o Bradesco e outra nas proximidades do Cemitério Sr. Do Bomfim, ambos na Rua Laudelino Freire, que a exemplo do cinema, também já se chamou Glória.
Fica aqui a sugestão para que empresas, como o Grupo Brício que hoje é inquilino do antigo prédio do Cine Teatro Glória, bem como para o poder público, a fim de que possam encampar uma ação efetiva e cultural de revigoramento da tradição cinematográfica em Lagarto.
Numa terra onde o teatro é celeiro de talentos, como o Cobras e Lagartos, e o cinema uma curiosidade sempre latente, com excelentes produtores de filmes e documentários, a exemplo da MC News e do Estudante de História da FJAV e Funcionário Público Floriano Fonseca, não pode faltar um espaço para o lagartense brilhar, fulgurante como uma pérola e vivaz como um grito de glória.

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